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Cibersegurança: proteger os dados (também!) está nas suas mãos
27 de Outubro 2023
Tempo de leitura: 5min
A cibersegurança é um tema cada vez mais levado a sério por governos, empresas e consumidores. É necessário uma mobilização geral para fazer frente a um mundo digital que cresce a um ritmo sem paralelo.
Razão pela qual está em foco na União Europeia, enquanto decorre o mês europeu da cibersegurança, com iniciativas que se têm multiplicado por toda a Europa – #ThinkB4Uclick é uma delas. Os temas deste ano são o phishing e ransomware.
Portugal seguiu o exemplo e o Governo também anunciou a campanha #tratarodigitalportu para assinalar a ocasião. O objetivo? Incrementar de forma efetiva a digitalização de pessoas e organizações.
Os dados não deixam margem para dúvidas: o nosso País está cada vez mais digital mas este é um longo caminho que só agora está a começar. Segundo o programa Portugal Digital, em 2010 apenas 54% das famílias tinham acesso à Internet quando a média da União Europeia estava nos 68%.
Em 2021, foi verificado um aumento destes valores, dado que em Portugal, no ano de 2021, este valor passou para os 87%, tendo subido também a média europeia: 92%.
Luísa Ribeiro Lopes é coordenadora-geral do InCode2030 e presidente da plataforma “.PT”. Habituada a lidar com a digitalização das empresas, acredita que “hoje assistimos a uma mudança de mentalidade, porque as ferramentas já existiam antes”. E acrescenta: “Quando uma mente de abre a uma nova ideia, nunca mais regressa ao estado inicial.”
Para ela, Portugal tem todas as condições para ser uma digital nation mas, até lá, ainda há muito trabalho pela frente: “O objetivo do InCode é mesmo esse: não deixar ninguém para trás, partindo do pressuposto que a inclusão digital é, em si mesma, a inclusão social. É preciso contar com todos, mesmo os mais vulneráveis, as cidades do interior, os mais velhos, para enumerar apenas alguns exemplos.” E conclui: “O grande desafio das sociedades mais evoluídas é a educação, é preciso aderir ao long life learning.”
São, por isso, cada vez mais frequentes as iniciativas que possam mitigar os efeitos da iliteracia digital, como garantir as melhores ferramentas e formação aos empresários nos vários setores: “Basta enviar um email para o InCode2030 ou entrar em www.comerciodigital.pt e aguardar o nosso contacto.”
Aposta forte na formação, tanto de líderes como de colaboradores
Já não restam dúvidas de que a promoção de um ciberespaço seguro e de confiança, onde os nossos direitos digitais são respeitados, é mesmo uma das principais prioridades nacionais e europeias.
Informações pessoais, contas bancárias, dados do cartão de crédito, a conta de email e das redes sociais, nenhum pormenor deve ser deixado ao acaso.
Por outro lado, é que quanto mais digital for a nossa sociedade mais exposta fica ao cibercrime.
Na opinião de Vanda de Jesus, managing director da iCapital e recentemente diretora executiva do programa Portugal Digital, este facto não deve ser visto como bloqueador de iniciativas: “As vantagens incontornáveis da digitalização compensam em muito os riscos que aprenderemos a controlar do ciberespaço. Percebemos claramente a sua importância e confirmamos que estamos no caminho certo.”
Portugal é pioneiro no desenvolvimento do selo de reconhecimento da maturidade digital – um dos catalisadores do Plano de Ação para a Transição Digital e uma das medidas do Plano de Recuperação e Resiliência – em que são reconhecidas a adoção de soluções e práticas digitais nas organizações nacionais.
Vanda de Jesus explica que “este modelo de certificação inclui a dimensão da cibersegurança, onde já contamos com três empresas piloto certificadas e serve já de framework de adopção e boas práticas para todas as que pretendam aderir”. Por tudo isso acredita que está no caminho certo “ao apostar na certificação das nossas empresas”.
Isabel Baptista é coordenadora do Departamento de Desenvolvimento e Inovação do Centro Nacional de Ciber-Segurança.
Para ela, apesar de existirem várias vulnerabilidades em relação à cibersegurança, o fator humano continua a ser o mais frágil: “É preciso sensibilizar, trabalhar e formar as pessoas, ter a noção de que este problema é transversal e que diz respeito a toda a organização.”
Há, porém, conselhos básicos que podem ajudar a causa.
Ao contrário daquilo que se poderá pensar, este não é um assunto que se resolva apenas com tecnologia, é necessário alterar processos e práticas, ou seja é também uma alteração cultural pela qual todos temos que passar.
No passado dia 5 de maio celebrou-se o Dia Mundial da Cibersegurança, altura em que foi divulgado um estudo que indica que 23 milhões de pessoas tem como password “123456”, um código que também é dos mais utilizados entre os CEO.
Mas afinal, como deve ser contruída uma senha forte?
Isabel não tem dúvidas em afirmar que “se em casa temos a nossa porta fechada e trancada, com uma password deve acontecer o mesmo”. Por isso, adianta algumas dicas que podem ajudar a construir uma senha segura e robusta: “Primeiro, deve ser longa e com vários caracteres, podemos substituir algumas letras por números, por exemplo, ou por uma arroba. Depois, não deve ser escrita em papéis ou agendas. Para além disso, as passwords pessoais e profissionais não devem ser iguais.”
Mas há mais: “A mesma regra vale para os logins: sempre que possível é importante utilizar vários logins e também o múltiplo fator de autenticação, como por exemplo, o número de telemóvel ou uma app.”
Para além disso, é importante ter em conta que a repetição e as rotinas nesta área são dos piores inimigos: “A rotina fica mecanizada e, seguidamente, é mais fácil alguém o repetir. É importante alterar as rotinas.”
Saiba de que forma pode seguir as boas práticas de cibersegurança em teletrabalho, através do guia disponibilizado pelo Centro Nacional de Cibersegurança que explica tudo aquilo que está ao seu alcance fazer.
Também está nas suas mãos
Ninguém duvida de que sem segurança é impossível garantir uma transformação de sucesso. Agora que está a recuperar importância nas estratégias digitais e é fundamental alargar a responsabilidade a toda a empresa – oiça a entrevista ao ex coordenador do Centro Nacional de Cibersegurança, professor Pedro Veiga sobre cibersegurança e transformação digital.
Também a Fundação PHC vai ao encontro desta ideia. A conclusão é facultada através do estudo que desenvolveu para a literacia digital, e que mostrou que 83% dos portugueses está preocupado com o cibercrime e 81% com o ciberbullying. Confirma ainda que 88% dos inquiridos estão preocupados com a privacidade e segurança de dados online.
Num momento em que a competitividade das empresas está em alta, é fundamental proporcionar uma experiência inesquecível ao cliente.
A cibersegurança deve, por isso, ser também um elemento-chave no desenho e gestão de produtos, serviços e plataformas. É necessário ter agilidade, flexibilidade e rapidez na tomada de decisões, tal como durante todo o processo de desenvolvimento.
A consciência da importância que a cibersegurança tem numa empresa trouxe também aos empresários uma visão realista do negócio, um facto que coloca Portugal no caminho certa da transformação digital.
Pequenos passos para o Homem, grandes passos para a Humanidade: a tecnologia tem uma importância superlativa neste processo mas é importante ter em mente não é solução para tudo, cada um nós tem um papel que não deve descurar.
A segurança é responsabilidade de todos e há aspetos a considerar que, muitas vezes, são mais facéis do que pensa e podem fazer a diferença tanto na sua segurança pessoal como na segurança da sua empresa.
A RH Magazine dá-lhe cinco dicas que podem evitar ataques cibernéticos às empresas:
- Estar alerta aos e-mails de phishing (verificar o remetente, reconhecer o domínio, estar atento ao contexto e aos dados que são solicitados – passwords, números de conta bancária ou de segurança social devem ser mantidos privados – e à existência de links ou anexos);
- Manter o espaço de trabalho organizado
- Apagar dados antigos
- Fazer atualizações frequentemente
- E como anteriormente referido, ter atenção às senhas escolhidas
As grandes oportunidades vêm sempre acompanhadas de grandes riscos.
A cibersegurança é dinâmica e, por isso, a observação e adaptação são elementos-chave para que consiga concretizar-se com sucesso. Os riscos são reais e há que estar consciente e atuar.
É necessário alterar processos e práticas, uma mudança de chip pela qual todos temos que passar.
Celebre o mês da cibersegurança da melhor maneira e aprenda a proteger a sua empresa e a dos seus colaboradores. No fim, todos ficarão a ganhar.
